abreviaturas
abrev.
– Abreviado de.
BOT.
– Termo ou descrição botânica.
cast.
– Castelhano.
c.de
– Cerca de.
fig. – Sentido figurado.
GASTR.
– Gastronomia.
HIST.
– História.
hot. – Hotentote.
kik. – Kikongo.
kimb.
– Kimbundu.
kwa.
– Kwanhama.
mn.
– Mesmo nome.
MORF.
– Morfologia.
o
mq. – O mesmo que.
p.ext.
– Por extensão.
SIN.
– Sinónimo.
pers.
– Persa.
TAX.
– Taxinomia.
top.
– Topónimo.
trad.
– Tradicional.
umb.
– Umbundu.
UTIL.
– Utilidade.
vd.
– Vide, Ver.
vl.
SO – várias línguas do SO de Angola.
ZOO. – Termo Zoológico.
notas
1.VAZ, Adélia. “Memórias de memória (A
Poesia de um Tempo com tempo)”, Pastelaria Studios, Lisboa, 2015. ISBN
978-989-8796-05-9.
2.LINDO, Admário Costa. “Solaris, o
oitavo mar”, Corpos Editora, Porto, 2011.
3.TORRES, Manuel Júlio de Mendonça. “O
Distrito de Moçâmedes, das Fases de Origem e da Primeira Organização,
1485-1859”, Câmara Municipal de Moçamedes, Moçamedes, 1974. 2 Volumes, edição
fac-similada da edição de 1950. I vol. p. 300-303.
4.RIBAS, Óscar. “Dicionário de
Regionalismos Angolanos”. Contemporânea Editora, Matosinhos, 1997.
5.PARREIRA, Adriano. “Economia e
Sociedade em Angola na época da rainha Jinga século XVII”, Editorial Estampa,
Lisboa, 1990.
6.ESTERMANN, Pde Carlos. 1. “Etnografia
do Sudoeste de Angola, volume I, Os Povos Não-Bantos e o Grupo Étnico dos
Ambós”. Junta de Investigações do Ultramar, Porto, 1956.
2.
“Etnografia do Sudoeste de Angola, volume II, Grupo Étnico Nhaneca-Humbe”.
Junta de Investigações do Ultramar, Porto, 1957.
3.
“Etnografia do Sudoeste de Angola, volume III, O Grupo Étnico Herero”. Junta de
Investigações do Ultramar, Lisboa, 1961.
4
“Etnografia e Turismo na Região do Cunene Inferior”, Agência-Geral do Ultramar,
Lisboa, 1973.
Aduela. || Cada uma das tábuas
arqueadas que formam o corpo das pipas e barris. UTIL. É característica, na tradição cultural angolana,
nos musseques, a sua utilização para demarcação de terreiros e galinheiros e
mesmo em casas de construção definitiva, para cercas de terrenos ajardinados.
Servem também de matéria-prima na construção de mobiliário rústico,
nomeadamente de cadeiras de baloiço.
Azeite-palma. || Óleo-de-palma, azeite de palma ou óleo de palma: o
azeite ou óleo preparado a partir da amêndoa do dendém.
Bangoso. do kimb.|| Elegante, presunçoso,
vaidoso, garboso.
Banzado. do kimb.||1. Pensativo. ||2. fig. Admirado,
assombrado, espantado, maravilhado.
Banzamento. do kimb. || Pensamento, introspecção,
reflexão. Acto ou efeito de banzar(-se), estado de banzado; admiração,
assombro, espanto.
Berrida. /è/ n.f. de Berro, ref. à origem da corrida ou fuga.
||1. Corrida, expulsão, fuga
precipitada; velocidade. ||2. agarrar uma b., dar b.:
Berridar.
Cabinda. do kik. ||1. Província da República de
Angola, a N da foz do rio Zaire, com capital na cidade do mn. É um enclave com
7.200 km2, separado do todo territorial por uma pequena faixa com c.de 60 km de
largura pertencente à R.D. do Congo, que o poder de Luanda considera parte
integrante de Angola, questão contestada por movimentos político-militares e
partidos da região, nomeadamente a FLEC – Frente de Libertação do Enclave de
Cabinda, que reclamam a independência com base no Tratado de Simulambuco
assinado com Portugal. ||2. Cidade, porto e capital
da província do mn. ||3. O natural, o habitante ou
o que pertence ou se refere a Cabinda. SIN. Cabindense.
Cabo Negro. || Promontório na costa da
província do Namibe, município de Tombua, onde
Diogo Cão ergueu, em 16 de Janeiro de 1485, o seu terceiro padrão.
Cacunda. do kimb.||1. Corcunda, corcova, giba. ||2. fig. Costas, dorso.
Caluanda. do kimb. || O natural, o habitante ou o
que pertence ou se refere a Luanda.
Cambriquito. do umb. || Cobertor
ou manta de tecido grosseiro.
Candengada. || Conjunto
ou grupo de candengues; criançada, garotada, pequenada, petizada, miudagem.
Candengue. do kimb.|| Criança, miúdo, rapaz; o
irmão mais novo.
Capanga. do kimb.||1. Axila, sovaco. ||2. Golpe de luta em que se passa
os braços por entre o sovaco do adversário, por trás, cruzando as mãos no
pescoço do outro contendor, impedindo-o de se movimentar; o arco descrito pelo
braço dobrado, que se passa à volta do pescoço, naquele golpe. ||3. p.ext. Esbirro;
guarda-costas, indivíduo que faz a segurança pessoal de alguém.
Caputu.kimb. e umb.|| Português; o natural ou
habitante de Portugal.
Chela. || Serra da província da Huíla,
com a altitude de 2.000 m.
Contratado. || Trabalhador em regime de
contrato.
Contrato. || Regime de trabalho forçado
sob condições miseráveis. Os contratados eram arregimentados principalmente nas
zonas rurais, a pretextos os mais variados, desde a falta de pagamento do
imposto de cubata até a castigos por desobediência às autoridades
administrativas ou mesmo por simples delação de qualquer pessoa
mal-intencionada. O contrato foi o moderno sucedâneo “legal” da escravatura. Os
contratados eram enviados em levas para as minas da Companhia de Diamantes,
roças de café e algodão e para as pescarias do litoral.
Cota. do kimb. || Ancião, patriarca; o mais
experiente e sábio.
Cuanza. do kimb. ||1. O maior rio nascido em
Angola, com a extensão de 965 km e uma bacia hidrográfica de cerca de 148.000
km2. Nasce junto a Mumbué, na província do Bié, a uma altitude de 1.450 m e
desagua no Atlântico, 40 km a S de Luanda. É navegável até ao Dondo, a 200 km
da foz. ||2. Províncias de Angola, C.
Norte com capital em Dalatando, antiga cidade de Salazar e C. Sul, com capital
em Sumbe, antiga Novo Redondo. ||3. vd. Kwanza.
Curoca. de vl. SO. ||1. Rio que nasce na Serra da
Chela e desagua perto de Tombua9e que, como todos os da região
(província do Namibe, é um curso de água não permanente, beneficiado apenas por
sucessivas e fortes enxurradas em anos de boa pluviosidade, durante as quais a
corrente se pode manter ininterrupta durante meses, com leito de espessas
camadas de areia em que alguma água se conserva todo o ano. ||2. Região que compreende a
bacia hidrográfica. ||3. abrev. de Mukuroka. Designação
genérica por que são conhecidos os povos que habitam o vale do rio.
Curoquides. || Ninfas do Curoca.
Dendém. do kimb. || BOT. Fruto (drupa) do
dendezeiro, laranja-avermelhado quando maduro, composto por uma capa fibrosa
(epicarpo), uma noz e uma amêndoa, designada coconote. GASTR. Da amêndoa extrai-se o
óleo ou azeite de dendém, muito utilizado em culinária. Pode ser consumido como
petisco, cozido ou assado. Em doçaria prepara-se uma iguaria macerando o fruto
em açúcar e erva-doce.
Dongo. do kimb. || Antigo Reino também chamado
Angola. Reino dos Ambundos. Os povos que o constituíram chegaram ao actual
território angolano crê-se que no séc. XIV, vindos do centro de África e
instalaram-se na Matamba. Eram chefiados por Gola a Jinga e chegaram até ao
litoral de Benguela com Gola Kiluanji. Foi, até 1563, tributário do Reino do
Kongo. Tinha como capital Banza Kabasa, perto do actual Dondo, e era limitado a
N pelo rio Dande e terras de Ambuíla, formando a fronteira com o Reino do
Kongo; a S pelos estados Umbundos e Quissama, delimitados geograficamente pelo
Planalto do Bié; a E pela região de Cassanje; a SO pela Quissama; e a O pelo Oceano
Atlântico. A designação deve-se à sua
configuração. ||2. Piroga. Canoa, estreita e
comprida, feita de um tronco único escavado, da mafumeira, destinada à pesca e
transporte de pessoas e mercadorias; interior e exteriormente é-lhe aplicada
uma camada de alcatrão, para calafetagem e conservação.
Fuba. do kimb. || Farinha, moída ou pilada em
grão muito fino, a partir de batata-doce, mandioca, massambala, massango ou
milho.
Funje. do kimb. || Pasta de fuba de mandioca.
Prepara-se batendo ou amassando a fuba com o guico, em água a ferver, até
adquirir uma consistência pegajosa e sedosa. Tradicionalmen-te come-se à mão,
fazendo com a massa uma pequena bola que se passa pelo molho e leva à boca e se
engole sem mastigar. É acompanhado com caldo de peixe fresco, peixe seco ou
muam-ba de carne e legumes. São seus complementos a quizaca e a miengueleca. É
a base alimentar das regiões do N de Angola e tem corresp. no pirão de
massambala, massango ou milho, do centro e S e no chima do leste. No SO também
se confeciona com batata-doce.
Garroa. do cast. Garua, termo que, no Chile, designa um
vento forte que sopra do Atacama, acompanhado de chuva miúda. || Vento forte do deserto,
acompanhado de nuvens de areia, na costa litoral do Namibe.
Guano. cast. || Termo específico da
província do Namibe, com significado diverso do usual: no processo de fabrico
de farinha de peixe, designa a massa resultante da primeira trituração mecânica
que, nos primórdios da indústria, era posta a secar em grandes eiras; com o
avanço da mecanização esta fase do fabrico foi eliminada. O piso das primeiras
estradas de Porto Alexandre/Tombua era constituído por esta massa, pisada com
cilindro, por ser mais compacta e menos poeirenta do que a terra batida.
Jindungo. do kimb. e umb.|| GASTR. Fruto do jindungueiro,
muito ardente e aromático, utilizado no tempero de alimentos e confecção de
molhos. Há duas variedades: o j. de cahombo, arredondado, com cheiro a cabra, o
menos picante e o j. de calequeta, oblongo, o mais picante. Malagueta, piripiri.
Jinga. do kimb. || A “Soberana Angolense, irmã
de Ngola Mbandi, […] é Njinga e de forma nenhuma Nzinga como, por influência de
nomes semelhantes dos Reis do Kongu, se tem grafado e pronunciado. […] O
antropónimo em causa existe nos nossos dois idiomas (Kikongu e Kimbundu) onde
tem grafia e pronúncia diferentes; a Preclara Soberana […] pertenceu à etnia
dos Kimbundus, etnia esta que integra as subetnias dos Ngolas e Njingas, ainda
hoje subsistentes (Província de Malanje) e em cujo seio nenhum grupo nem indivíduo
se chama a si mesmo Nzinga, mas sim, e como toda a gente pode verificar a todo
o tempo, Njinga. [ Ribas pag. 136]4 Jinga Bandi ou Njinga Mbandi,
que também se chamou Dª Ana de Sousa, por baptismo cristão, “a rainha do Ndongo
e da Matamba, a mais proeminente figura política Mbundu do século XVII, mereceu
uma atenção muito particular da parte de alguns autores contemporâneos e de
historiadores modernos, que lhe têm dedicado algumas obras, e se esforçam por
compreender o comportamento político dessa extraordinária soberana […] a rainha
Jinga aparece na História como uma figura quase irreal, com aspectos da sua
personalidade extraordinariamente
distorcidos, numa palavra, destituída do contexto em que viveu. Alguns
estudiosos, de forma notoriamente sofismática, não têm dúvidas em considerar a
rainha Jinga como a «indisputável rainha dos Mbundu», que estabeleceu «largas
alianças que congregaram numa causa comum diversos povos de Angola», chegando a
reputá-la, ainda com maior exagero, de percursora dos movimentos nacionalistas
de libertação.” [Parreira pag. 178]5 Era meia-irmã de Gola Bandi,
rei legítimo do Dongo e chefiou a embaixada que assinou, em Luanda, um acordo
de paz estratégico com os portugueses. “Com a difícil missão de tentar
conciliar os interesses do Ndongo com os dos Portugueses, e encontrar uma
solução honrosa e pacífica, Jinga chegou a Luanda em 1622, aparentemente na
qualidade de embaixadora de seu irmão.” No entanto, Jinga “partiu então da
região de Mbaka e não da ilha de Kindonga, onde Ngola-a-Mbandi estava
refugiado”, após a batalha de Ambaca, “pelo que é talvez pertinente admitir a
possibilidade de Jinga se ter deslocado por iniciativa própria […] uma
oportunidade para a princesa intervir directamente nos assuntos de estado do
Ndongo, a cuja soberania estava já muito provavelmente nessa altura interessada
[…] Na verdade, o comportamento de Jinga em Luanda parece ter sido mais o de
uma soberana orgulhosa e lúcida, do que o de embaixadora de um titular exilado
e, no que tudo leva a crer, enfraquecido.” [Parreira pag. 185]5 A
partir daí foi a mentora da formação de uma coligação com o objectivo de
expulsar os portugueses e destronar Ari Kiluanji, um soba colocado no poder
pelo exército português contra a vontade popular. Como o irmão estivesse mais
interessado na continuação da guerrilha, prejudicando a formação da coligação,
diz-se que mandou assassiná-lo e ocupou o trono, sendo aclamada pelo povo que
viu nela uma forte e inteligente opositora às forças ocupantes. Em 1635 é
formada a II Coligação entre os Estados do Dongo - Matamba, Congo, Kassanje,
Dembos e Kissama - sendo Jinga a sua grande mentora. A sua aceitação foi tal
que os Jagas da Matamba a proclamaram sua rainha, passando o novo reino a
designar-se Reino de Matamba e Dongo. Para impedir que os portugueses fizessem
guerras de “Kuata! Kuata!”, Jinga armou os povos do Planalto do Bié, a zona de
Maior densidade populacional, ao mesmo tempo que aí recrutava novos soldados
para a Coligação. Com um forte exército, a Coligação infligiu enormes derrotas
ao exército português. Quando, cerca de 1641, os Holandeses tomaram Luanda,
Jinga aliou-se aos novos invasores formando uma frente antiportuguesa e recebeu
dos holandeses uma contrapartida em armas. Em 1648 o Brasil, então colónia
portuguesa e o maior destinatário dos escravos angolanos, chegou em socorro dos
portugueses e uma esquadra, comandada por Salvador Correia de Sá, reconquistou
a cidade de Luanda. A derrota dos holandeses e a falta de armas começou a
desmoralizar e enfraquecer os Estados da Coligação. Jinga viu-se forçada a nova
trégua com os portugueses em 1656. Morreu em 1663.
Jinguba. do kimb.|| BOT. TAX. Plantae, Magnoliopsida, Fabales,
Fabaceae, Arachis hypogaea L., sin. A. nambyquarae, Lathyrus esquirolii. MORF. Planta e a sua semente,
também conhecida por amendoim. É uma herbácea anual erecta, que atinge 30cm de a. O tronco é inicialmente
piloso, tornando-se glabro com a idade. As folhas são formadas por quatro
grandes folíolos ovados, com 1-7 × 0,7-3,2 cm, ligeiramente arredondadas na
base, glabras, esparsamente pilosas na página inferior e mucronadas no ápice.
As flores são amarelas e reunidas em espiga nas axilas das folhas. Depois de
fecundada, a estrutura que envolve o ovário alonga-se e penetra no solo, onde
amadurecem os frutos, vagens oblongas com 1-4 sementes. HIST. A jinguba é originária do
sul da Bolívia e do noroeste da Argentina. Na época pré-colombiana foi
amplamente cultivada no México e na América Central e do Sul. A cultura
tradicional já havia produzido vários tipos de jinguba quando os exploradores
espanhóis e portugueses introduziram a planta no Novo Mundo. A jinguba é hoje
cultivada em quase todo o mundo, em regiões tropicais, subtropicais e
temperadas, entre as latitudes 40° N e 40° S. Em toda a África tropical é um
importante produto agrícola com grande valor comercial.UTIL. As sementes são
comestíveis e delas se extrai um óleo alimentar. É utilizada na alimentação,
torrada ou cozida, em variados pratos e em doçaria.
!Khoisan. do hot. || Grupo étnico do SO de
Angola, de que fazem parte os povos não-negros-e-não-bantos designados
Bochimanes e Hotentotes. São os povos mais antigos, de que se tem conhecimento,
que alguma vez ocuparam o território hoje conhecido como Angola. Vivem
essencialmente da caça praticada com arco e flechas envenenadas e da recolecção
de frutos espontâneos e legumes. Em termos linguísticos, quando se fala na
língua destes povos, pensa-se de imediato na particularidade dos sons
explosivos, os estalinhos (representados graficamente por sinais diacríticos,
como o ponto de exclamação no termo a que esta entrada se refere) que, em termos
simplistas, tomam o lugar das consoantes de outras línguas. Nunca tiveram
qualquer organização tribal, no sentido estrito da palavra e nunca reconheceram
qualquer espécie de governo, antigo ou actual.
Kwanza. do kimb. ||1. o mq. Cuanza.||2. Unidade (Kz) monetária de
Angola (AOA nº 973 ISO 4217), instituída em 1976 e posta a circular a 8 de
Janeiro de 1977. A fracção Lwei (Lw) correspondende à centésima parte do
Kwanza.
Kuata! Kuata! kimb. “Agarra! Agarra!” || Guerras feitas quer pelo
exército colonial, quer pelos reinos angolanos mais poderosos, com o intuito de
fazerem escravos, no tempo da formação da Colónia de Angola.
Maca. do kimb. ||1. trad. Assembleia pública
ou familiar; conversa decisória; conversação. ||2. p.ext. Altercação, confusão, discussão,
problema, sarilho.
Macanha. do kimb. ||1. Tabaco. Tradicionalmente,
as folhas, depois de colhidas, são amassadas e enroladas em trança, moldadas em
forma de disco (quende) ou em pirâmide cónica (quino), após o que vão a secar
ao sol tomando, no fim do processo, um aspeto grosseiro e compacto. É
invariavelmente fumada em cachimbo. ||2. p.ext. Liamba.
Mais-velho. || Ancião, patriarca; o mais
experiente e sábio. Cota.
Mangonheiro. do kimb. || Indolente, calaceiro,
mandrião, molengão, preguiçoso.
Mujimbar. do kimb. || Espalhar notícias; propalar
boatos.
Mukuankala. do kwa. || Designação que os Ambós e
outros povos da região dão aos Bochimanes que vivem “entre o paralelo 15 e a
fronteira, de um lado, e, do outro entre o rio Cubango e a vertente ocidental
do planalto da Huila.” Aplica-se a designação kwankala também ao mestiço
oriundo dum cruzamento entre negro e khoisan.[Estermann 1].6
Muleque. do kimb. ||1. Rapaz. ||2. Criado, moço de recados. ||3. fig. Malandro, preguiçoso, vadio. ||4 Pé-de-m. Doce ou rebuçado
de jinguba moída.
Muzongué, muzonguê. do kimb.|| Caldo ou sopa de peixe com
óleo de palma. Acompanha-se com mandioca e batata-doce.
Namibe. do hot. ||1. Deserto do sul de Angola
que se prolonga pela Namíbia. ||2. Província e anterior designação da cidade capital e do
distrito de Moçamedes.
Pedras Negras. || Conjunto de enormes rochas
que, em Pungo Andongo, se erguem abruptamente da planície, distintas pela sua
cor negra que provém de determinadas algas filamentosas que se desenvolvem nas
águas represadas pelas rochas. Uma das pedras apresenta uma pegada humana que a
lenda atribui à Rainha Jinga.
Pirão.do kimb. ||1. GASTR. Iguaria característica de
Luanda. Coze-se, conjuntamente, peixe fresco e seco com batata-doce ou
mandioca. A água da cozedura, ainda quente, é temperada com óleo de palma ou
azeite de oliveira, cebola e tomate, formando um caldo leve, o muzonguê.
Acompanha-se com farinha de mandioca embebida no caldo. Embora o termo se tenha
generalizado para o prato em si, é à farinha assim preparada que a designação é
devida. ||2. Pasta de fuba de milho,
ou de mandioca uma vez que o termo está generalizado, aparecendo como sin. de
funje. Por acomodamento, em Angola deve chamar-se funje a massa confeccionada
com fuba de mandioca e pirão a confeccionada com fuba de milho e similares. O
pirão é característico das regiões do centro e S de Angola, ocupando o mesmo
lugar, na dieta alimentar, que o funje no N e o xima no Leste e obedecendo aos
mesmos princípios de confecção e similitude no acompanhamento. Iputa é o nome
umb. para o pirão.
Porto Alexandre. vd. Tombua.
Pungo-Andongo. do kimb. ||1. Zona turística do
município de Cacuso, na província de Malanje, célebre pelas Pedras Negras. ||2. HIST. Em 1671 o exército
português atacou Pungo Andongo, último bastião do Reino do Dongo e venceu o rei
Ari II, que morreu na batalha. Este episódio marcou o fim da independência
daquele Reino e no local foram construídos um forte e um presídio que adquiriu
uma fama terrível.
Putu. kimb. || Portugal; Português.
Quimbar.do kimb. ||1. Capataz, caseiro, feitor.
||2. Povo do curso inferior do
rio Curoca, de língua Quimbundo, dedicado à agricultura nas fazendas da região.
||3. p.ext. Grupo de
pescadores estabelecido na costa da província do Namibe, maioritariamente nas
pescarias de Tombua/Porto Alexandre, actualmente fruto de cruzamentos de
quimbundos, provavelmente muxiluandas, com outros grupos da região. Empregam-se
na pesca à linha ou como mestres ou contramestres em pequenas artes de pesca.
Quissanga. || ZOO. Dentex canariensis. A quissanga ou pargo-quissanga é um peixe
perciforme da família dos Espáridas, de ambientes marinhos, com o comprimento
médio de 35cm podendo atingir 1m na idade adulta mais avançada. O corpo é
ovalado e achatado, de coloração rosada com reflexos prateados; a barriga é a
parte mais clara do corpo; a cabeça e a barbatana caudal são de um vemelho mais
carregado; apresenta uma mancha vermelha escura na parte posterior da barbatana
dorsal e uma área escura nas axilas da barbatana peitoral. Atinge a maturidade
sexual aos 2 anos de idade e desova entre Julho e Setembro, podendo ocorrer uma
segunda em Janeiro. Habita fundos arenosos ou rochosos e varia de habitat,
sazonalmente, entre a costa e as águas mais profundas. Alimenta-se de plancton
enquanto jovem e de peixes, crustáceos, cafalópodes e, esporadicamente,
moluscos e vermes na idade adulta. Ocorre na costa ocidental de África, do Cabo
Bojador a Angola, em pequenos cardumes mas pode tornar-se solitário com o
avançar da idade. É muito utilizado na alimentação e para secagem industrial.
Para além da espécie descrita, ocorrem em Angola outras do mesmo género, todas
em tons mais ou menos rosados: o cachucho, Dentex
macrophthalmus, de todos eles o de cor mais escura, mais propriamente
vermelho coralíneo, com 65cm de c.; o capatão, Dentex gibbosus, que apresenta as duas primeiras espinhas da
barbatana dorsal bastante desenvolvidas e pode atingir 1m de c.; o dentão de Angola,
Dentex angolensis, com 24-35cm de c.
e cores mais pálidas; o dentão-austral, Dentex
barnardi, com 40cm de c.; e o dentão do Congo, Dentex congoensis, com 50cm de c.
Revienga. do kimb.||1. Volteio, rodopio. ||2. Finta de corpo, movimento
rápido em ziguezague, volteio rápido. Simulação (no futebol).
Sanzala. do kimb. || Aldeia rural tradicional,
povoação, povoado, vila. A sanzala constrói-se a partir da cubata do soba e,
regra geral, todas as outras têm a porta principal virada ao centro ou, no mínimo,
evitando que as traseiras estejam voltadas para o centro. A simetria da
sanzala, ou sua ausência, e a sua designação e funções, variam de povo para
povo.
Sipaio. do pers.|| Polícia
africano, geralmente adstrito aos Postos Administrativos ou esquadras de
musseques. “Este agente pertenceu aos Serviços de Administração Civil e actuava
junto da população autóctone. O cargo era desempenhado por naturais incultos.
Além de fiscal, era o cipaio o serventuário de tais departamentos.” [Ribas 1:60].
Sunguilar. do kimb. || Passar o
serão cavaqueando,cavaquear, seroar. Visitar algo ou alguém à noite.
Tradicionalmente o serão é passado em cavaqueira amena, onde entram as
histórias e adivinhas. Actualmente este verbo adquiriu, em Luanda, o sentido de
dançar ou divertir-se à noite.
Tombua. de vl. SO. ||1. Termo que designa, nas
línguas étnicas da região, SO de Angola, a Welwitschia
mirabilis. ”Do tronco da planta transuda um líquido que, tanto em Moçâmedes
como em Damaraland, os indígenas chamam «Tumbo» donde deriva o nome de «Tumboa»
que Welwitsch quis dar ao género.”3 BOT. Planta descoberta pelo
botânico austríaco Frederico Welwitsch no sec. XIX. “A primeira informação que
deste vegetal chegou à Europa transmitiu-a o seu descobridor a Sir William
Hooker, reputado homem de ciência e director dos jardins reais de Kew, em
carta, escrita de Luanda, a 16 de Agosto de 1860*… Tem a Welwitschia
o tronco obcónico, de cor acastanhado, que se eleva poucas polegadas acima do
terreno e é na parte superior achatado, bilobado e deprimido lateralmente,
atingindo por vezes catorze pés de circunferência no seu máximo
desenvolvimento. Segue-se-lhe, internando-se pelo solo, uma forte raiz, que só
muito para a extremidade se ramifica e se divide em radículas. Das origens dos
dois lóbulos nascem duas únicas folhas, largas, rijas e persistentes, que se
estendem pela superfície da terra, fendendo-se com a idade. E junto à inserção
das folhas partem duas hastes ou pedúnculos sustentando pinhas escarlates, em
cujas escamas se abrigam flores solitárias. A Welwitschia é curiosíssima, não
apenas por invulgar, mas ainda por se apresentar sempre repetida quase
exclusivamente de numerosos indivíduos da mesma espécie que dão ao terreno um
aspecto especial deveras interessante… A Welwitschia não existe, porém, sòmente
no Distrito de Moçâmedes. Também em Damaraland, na antiga África do Sudoeste
Alemã, se vê medrar este interessante vegetal…”3
||2. top. Cidade e o maior
porto de pesca de Angola, denominados Porto Alexandre até 1975, da Província do
Namibe.
Trumuno. do kimb.||1. Finta, simulação (no
futebol). ||2. p.ext. Jogo de futebol
renhido, disputado com ardor.
Tuji-ni-masu./ss/ kimb. || Merda-e-mijo.
Tunga. do kimb.|| Barrote,
madeira, pau.
Vapor. || Antigo navio movido a vapor
destinado ao transporte de pessoas e mercadorias entre Portugal e as Colónias.
p.ext. Qualquer navio.
Xingamento. do kimb. || Acção ou efeito de xingar.
Injúria, insulto, ofensa.
Xingar. do kimb.|| Descompor, injuriar,
insultar, ofender com palavras.
Xipala. do umb. || Cara, face, rosto.
imagens
Escola do
Bota p’à Mula, Póvoa de Varzim.
http://alarriba.blogspot.pt/2009/03/aver-o-mar.html, ac. 07.07.2015.
Navio
Cuanza. http://navios.no.sapo.pt/quanza.html, ac. 05.07.2015.
Quissanga.
http://www.fao.org/fishery/species/2374/en, ac. 09.07.2015.
última
actualização: 10.07.2015.
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